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A Dupla Materialidade tem ganhado destaque como um conceito essencial para empresas e investidores, orientando a priorização de temas estratégicos e a transparência nos relatórios corporativos.

Ao longo do tempo, a forma como a materialidade é entendida e aplicada evoluiu, ampliando o foco do impacto financeiro para incluir também os impactos socioambientais gerados pelas empresas.

planilha de dupla materialidade em excel thumb

O que é Materialidade e por que agora se fala em Dupla Materialidade?

Tradicionalmente, o foco do estudo de materialidade estava na materialidade financeira, que analisa como questões ambientais, sociais e de governança (ESG) impactam a empresa do ponto de vista econômico.

Essa abordagem é adotada por padrões como a SASB (Sustainability Accounting Standards Board) e o IFRS S1 e S2, publicados pela International Sustainability Standards Board (ISSB).

Nessa perspectiva, um tema é considerado material se puder influenciar significativamente a posição financeira da empresa, seja por meio de riscos ou oportunidades.

Por outro lado, a materialidade de impacto muda o foco dessa visão ao considerar os impactos da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente.

Esse olhar é amplamente adotado em frameworks como as Normas GRI (Global Reporting Initiative), que incentivam as empresas a reportar informações relevantes para seus stakeholders, mesmo que não tenham um impacto financeiro direto no curto prazo.

A Dupla Materialidade surge como um conceito que combina ambas as perspectivas: financeira e de impacto.

Ela é um requisito central para empresas sujeitas à Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) da União Europeia e está presente em regulamentações emergentes ao redor do mundo.

A abordagem de dupla materialidade reconhece que certos temas podem ser relevantes para a empresa por sua influência nos resultados financeiros e, ao mesmo tempo, por seus impactos sociais e ambientais.

Essa mudança de paradigma desafia as empresas a adotarem uma visão mais ampla da materialidade, conectando sua estratégia de negócios com as expectativas da sociedade e com as novas exigências regulatórias. Mas como aplicar essa abordagem na prática?

Dupla Materialidade na prática: como identificar impactos e riscos?

Implementar a Dupla Materialidade na prática exige uma abordagem estruturada para identificar tanto os impactos financeiros das questões ESG sobre a empresa quanto os impactos que a empresa gera na sociedade e no meio ambiente.

Segundo a ABNT PR 2030-2: Diretrizes para determinação da materialidade, esses são os 10 passos necessários:

  1. Entender o contexto da organização
  2. Mapear as partes interessadas
  3. Identificar os impactos
  4. Avaliar a significância dos impactos
  5. Identificar os temas potencialmente materiais
  6. Consolidar a perspectiva da organização
  7. Consultar as partes interessadas
  8. Construir a matriz de materialidade e priorizar os temas
  9. Analisar estrategicamente
  10. Validar os temas materiais e chegar na lista final
planilha de dupla materialidade em excel thumb

Se você quiser conhecer tudo sobre a ABNT PR 2030-1, que é uma base bem interessante para os conceitos utilizados aqui na PR 2030-2, recomendo esse texto que escrevi e resume bem tudo que aparece na prática recomendada.

Passo a passo da ABNT PR 2030-2: Diretrizes para determinação da materialidade

Então deixa eu te mostrar o que você pode fazer em cada um desses 10 passos:

1. Entender o contexto da organização

Antes de iniciar a análise de Dupla Materialidade, é essencial compreender o setor, o modelo de negócios, a cadeia de valor e os desafios regulatórios e de mercado que a empresa enfrenta. Esse contexto define quais fatores podem ser mais relevantes na avaliação de impactos e riscos.

2. Mapear as partes interessadas

Identificar os principais stakeholders como clientes, investidores, reguladores, fornecedores e comunidade ajuda a garantir que diferentes perspectivas sejam consideradas no processo de materialidade. Cada grupo pode ter percepções distintas sobre os impactos e riscos associados à empresa.

3. Identificar os impactos

A empresa deve mapear os impactos positivos e negativos, reais e potenciais, que suas operações, produtos e serviços geram na sociedade e no meio ambiente. Essa análise deve considerar tanto a perspectiva da materialidade financeira quanto a de impacto.

Isso pode ser feito a partir da análise da cadeia de valor e atividades realizadas pela organização.

4. Avaliar a significância dos impactos

Nem todos os impactos têm a mesma relevância. Aqui existem 4 variáveis importantes: Probabilidade, Abrangência, Intensidade e Urgência/Oportunidade que permitem diferenciar aqueles que são prioritários e exigem maior atenção da gestão.

5. Identificar os temas potencialmente materiais

Com base na análise de impactos e riscos, são identificados os temas que podem ser considerados materiais, considerando tanto as demandas dos stakeholders quanto as tendências regulatórias e de mercado. Aqui estamos falando em já consolidar riscos similares embaixo de um mesmo “tema guarda chuva”

6. Consolidar a perspectiva da organização

A visão interna da empresa sobre os temas materiais precisa ser estruturada, garantindo que as áreas estratégicas e operacionais estejam alinhadas com as análises feitas até o momento.

7. Consultar as partes interessadas

A escuta ativa dos stakeholders, por meio de entrevistas, questionários ou workshops, ajuda a validar a relevância dos temas e a captar percepções externas sobre riscos e oportunidades.

8. Construir a matriz de materialidade e priorizar os temas

A Matriz de Dupla Materialidade organiza os temas identificados conforme sua relevância financeira e de impacto, permitindo a priorização estratégica dos temas mais críticos para a empresa e seus stakeholders.

9. Analisar estrategicamente

Os temas priorizados devem ser analisados no contexto da estratégia da empresa, considerando riscos e oportunidades de longo prazo, alinhamento com objetivos corporativos e potenciais implicações regulatórias.

10. Validar os temas materiais e chegar na lista final

A validação final dos temas materiais deve envolver a alta liderança da empresa, garantindo que a análise reflita a visão estratégica e possa ser incorporada nas tomadas de decisão e nos relatórios de sustentabilidade.

Planilha de Dupla Materialidade: um recurso prático para facilitar o processo

Para facilitar a aplicação da Dupla Materialidade, desenvolvemos uma planilha estruturada que auxilia no mapeamento de impactos, na priorização de temas e na construção da matriz de materialidade.

planilha de dupla materialidade em excel thumb

Essa ferramenta permite organizar as informações de forma clara, garantindo uma análise objetiva e alinhada às melhores práticas e exigências regulatórias. Com ela, sua empresa pode conduzir um processo mais eficiente, envolvendo stakeholders e consolidando insights estratégicos para a tomada de decisão.

O melhor de tudo? Ela está 100% alinhada à PR 2030-2! Dá uma olhada na sua estrutura

Mapeamento da cadeia de valor e conexão com stakeholders:

Avaliação da significância financeira e de impacto

Matriz de dupla materialidade gerada automaticamente

dupla materialidade 1

Por que a Dupla Materialidade é um caminho sem volta?

A Dupla Materialidade não é apenas uma tendência regulatória, ela reflete uma mudança estrutural na forma como empresas são avaliadas e como devem operar em um mundo cada vez mais interconectado e preocupado com práticas sustentáveis.

Investidores, consumidores e reguladores estão exigindo que as organizações não apenas reportem seus riscos financeiros, mas também assumam responsabilidade pelos impactos que geram na sociedade e no meio ambiente.

Ignorar essa nova abordagem significa correr o risco de perder competitividade, enfrentar barreiras regulatórias e prejudicar a reputação da empresa. Por outro lado, empresas que adotam a Dupla Materialidade de forma estratégica ganham em credibilidade, atraem investimentos sustentáveis e fortalecem sua resiliência diante de crises e transformações de mercado.

planilha de dupla materialidade em excel thumb

Esse é um caminho sem volta para organizações que querem se manter relevantes e preparadas para os desafios e oportunidades do futuro.

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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