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O padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) vem ganhando destaque por oferecer uma abordagem direta, comparável e financeiramente relevante para o relato de sustentabilidade.

Em um cenário global cada vez mais exigente em relação à transparência e à responsabilidade das empresas, os relatórios de sustentabilidade deixaram de ser um diferencial e passaram a ser uma necessidade estratégica. Investidores, reguladores, consumidores e até colaboradores estão atentos à forma como as organizações lidam com seus impactos ambientais, sociais e de governança (ESG).

Esse padrão (em conjunto com o GRI) se tornou um dos principais padrões globais para integrar sustentabilidade à performance financeira das empresas.

Neste post, você vai entender o papel do Sustainability Accounting Standards Board, suas diferenças em relação a outros padrões, e como ele pode fortalecer a comunicação ESG da sua empresa.

planilha de dupla materialidade em excel thumb

O que é o SASB?

O SASB (Sustainability Accounting Standards Board) é um conjunto de padrões de divulgação de informações de sustentabilidade com foco na materialidade financeira. Em outras palavras, o SASB ajuda as empresas a identificar e reportar os temas ESG que são mais prováveis de impactar seus resultados financeiros – seja no curto, médio ou longo prazo.

Ele foi criado em 2011 nos Estados Unidos, com o objetivo de preencher uma lacuna: a falta de uma estrutura clara para relatar dados de sustentabilidade de forma útil para os investidores e os mercados financeiros. Desde então, seus padrões vêm sendo cada vez mais utilizados por empresas globais – especialmente após a fusão com a Value Reporting Foundation, que foi incorporada à International Sustainability Standards Board (ISSB), ligada à IFRS.

Ao contrário de outras iniciativas, o Sustainability Accounting Standards Board foca na eficiência da divulgação: ele orienta as empresas a reportarem somente o que realmente importa para os seus negócios, dentro do seu setor de atuação. Isso evita a produção de relatórios excessivamente longos, genéricos ou desalinhados com as expectativas dos stakeholders financeiros.

Como o Sustainability Accounting Standards Board funciona?

Uma das características mais marcantes do SASB é sua estrutura setorial. Em vez de um padrão único e genérico, ele desenvolveu 77 padrões específicos para diferentes setores da economia. Essa abordagem permite que as empresas foquem nos temas ESG que realmente fazem sentido para suas operações.

sasb temas materiais

Por exemplo:

  • Uma empresa do setor financeiro pode ter indicadores sobre privacidade de dados e ética nos serviços.
  • Uma companhia de energia terá métricas sobre emissões de gases de efeito estufa e segurança operacional.
  • Uma rede de varejo pode ser avaliada com base nas condições da cadeia de suprimentos e impacto sobre a comunidade.

Cada padrão SASB é composto por:

  • Temas de sustentabilidade relevantes para o setor.
  • Métricas padronizadas, quantitativas e qualitativas, para reportar esses temas.
  • Orientações técnicas para coleta e divulgação dos dados.

Essa estrutura facilita a comparabilidade entre empresas do mesmo setor, algo extremamente valorizado por analistas financeiros e investidores.

SASB vs outros padrões (como GRI)

Uma dúvida comum é: qual a diferença entre SASB e outros padrões de relato, como o GRI? Embora ambos sejam voltados à sustentabilidade, eles têm focos diferentes:

sasb x gri

Por isso, muitos especialistas recomendam o uso complementar dos dois padrões. Enquanto o GRI oferece uma visão mais abrangente dos impactos da empresa no mundo, o SASB foca em como questões ESG afetam a saúde financeira da organização. Juntos, eles compõem um panorama mais robusto e estratégico.

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Por que usar o Sustainability Accounting Standards Board nos relatórios de sustentabilidade?

Adotar o SASB traz uma série de vantagens para empresas que querem elevar a qualidade e a utilidade de seus relatórios de sustentabilidade:

1. Foco no que realmente importa

O SASB ajuda a evitar a armadilha da “síndrome do relatório gigante” — quando se publica um volume imenso de dados, mas poucos realmente relevantes. O padrão permite que a empresa priorize temas com maior probabilidade de afetar suas receitas, custos, ativos ou passivos.

2. Maior credibilidade com o mercado financeiro

Investidores estão cada vez mais incorporando dados ESG nas análises de risco e de valuation. Usar o SASB demonstra que a empresa está alinhada com as melhores práticas e com os frameworks exigidos por grandes fundos e reguladores.

3. Integração com outras normas emergentes

O SASB serve como base para os novos padrões da ISSB (IFRS S1 e S2), que devem se tornar referência global em relato ESG. Também conversa bem com recomendações da TCFD (relato de riscos climáticos).

4. Comparabilidade e benchmarking

Com métricas padronizadas por setor, é possível comparar empresas de forma objetiva — o que facilita análises competitivas e posicionamento estratégico.

5. Eficiência na coleta de dados

Como o SASB indica claramente quais métricas são esperadas, ele contribui para uma gestão mais eficiente de dados ESG dentro da organização.

Como começar a aplicar o SASB na sua empresa?

Se você quer começar a usar o SASB, siga estes passos iniciais:

  1. Identifique o setor da sua empresa dentro da estrutura SASB. Você pode usar a ferramenta de “Materiality Finder” no site da IFRS/SASB para isso.
  2. Baixe o padrão correspondente e estude os temas e métricas propostos.
  3. Revise os dados já disponíveis nos relatórios atuais. Muitas empresas já reportam parte das informações sugeridas, mesmo sem seguir formalmente o SASB.
  4. Preencha lacunas e desenvolva processos internos de coleta e governança de dados ESG.
  5. Integre as métricas do SASB ao relatório de sustentabilidade, ao relatório integrado ou ao reporte financeiro anual.
  6. Comunique o uso do padrão de forma transparente — isso mostra maturidade e compromisso com boas práticas.

Conclusão

Em um mundo onde sustentabilidade e performance financeira estão cada vez mais interligadas, o SASB surge como uma ferramenta estratégica poderosa. Ele oferece uma abordagem objetiva, prática e direcionada à materialidade financeira, permitindo que empresas comuniquem melhor seus riscos e oportunidades ESG.

Mais do que um padrão técnico, o SASB representa uma mudança de paradigma: a sustentabilidade como parte do negócio — e não como um apêndice.

Se sua empresa está em busca de maior clareza, credibilidade e alinhamento com as tendências globais de reporte, vale a pena considerar o uso do SASB. Ele pode ser o elo que faltava entre a sua estratégia de sustentabilidade e o que o mercado espera ver.

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Além disso, à medida que os reguladores ao redor do mundo avançam em exigências obrigatórias de reporte ESG — como a CSRD na União Europeia ou os novos padrões IFRS S1 e S2 —, empresas que já adotam o SASB largam na frente. Estar alinhado com esse padrão hoje significa estar mais preparado para o futuro da transparência corporativa amanhã.

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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