Skip to main content

O tripé da sustentabilidade (triple bottom line) é um conceito de gestão sustentável que tem como objetivo ampliar a visão de sucesso de empresas para além do resultado financeiro, unindo à esse primeiro mais dois pilares essenciais: o desenvolvimento ambiental e o social.

Quando eu ouvi pela primeira vez esse termo eu fiquei apaixonado pelo conceito do tripé da sustentabilidade, afinal de contas, não é possível que só tenhamos empresas (e pessoas) que só se preocupam com o dinheiro e esquecem dos impactos gerados por suas ações no mundo.

banner planilha de diagnóstico ESG ABNT 2030

Pensar nas futuras gerações, ser menos consumista e refletir sobre como gerar menos impacto me parecem essenciais para qualquer prática humana e o tripé da sustentabilidade foi um dos primeiros movimentos nessa direção.

Sei também que o conceito do Tripé da Sustentabilidade por si só, não se sustenta e se você buscar, vai encontrar críticas para o “modelo padrão sustentável”. Por isso, o que eu quero fazer aqui é te dar um panorama de como esse conceito surgiu, o que ele envolve na prática, como aplicar o conceito na prática, o que temos visto de evolução e algumas críticas ao modelo.

A origem do Tripé da Sustentabilidade?

Então vamos começar do começo ;). Em 1987, a ONU lançou o relatório “Nosso Futuro Comum” (também conhecido como Relatório de Brundtland) e introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável no mundo. Até então, pensar sobre a limitação dos recursos naturais e o impacto corporativo no meio ambiente era pouco recorrente. Ou seja, até poucas décadas atrás, não existia preocupação nenhuma em relação ao impacto que grandes empresas e pessoas estavam gerando no mundo.

tripé da sustentabilidade triple bottom line nosso futuro comum

Felizmente os tempos mudam e esse pontapé inicial fez com que cada vez mais pessoas se voltassem para discussões relacionadas à temática sustentável.

Com isso, já na década de 1990, John Elkington (fundador da SustainAbility, uma consultoria focada e comprometida com o desenvolvimento sustentável) criou o conceito do Triple Bottom Line ou Tripé da Sustentabilidade.

tripé da sustentabilidade triple bottom line john elkington

Eu não sei se eu consigo colocar em palavras a importância dessa “pequena” iniciativa, mas o Tripé da Sustentabilidade movimentou por décadas a discussão de como empresas poderiam ser mais sustentáveis e analisar melhor os impactos que estavam gerando.

Triple Bottom Line e os 3 Ps da Sustentabilidade

Em inglês, bottom line se traduz como linha de fundo, mas o que esse termo indica mesmo é a última linha do resultado financeiro de uma empresa. Ou seja, a grande preocupação das empresas no mundo capitalista, a forma de se medir resultados sempre se deu por essa variável.

O conceito do Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade) ganhou força por propor uma visão diferente, mais abrangente, onde o resultado deixaria de ser analisado por uma única variável e passaria a ter um peso similar para a visão ecológica e social nas empresas.

O que o Elkington tentou implementar foi a ampliação da preocupação com o mundo trazendo para a mesa mais dois bottom lines, o meio ambiente e a sociedade.

Vale lembrar que o tripé da sustentabilidade também é conhecido como os 3 Ps da Sustentabilidade: People (Pessoas), Planet (Planeta), Profit (Lucro). 

Os pilares do Tripé da Susntentabilidade

Só para entender um pouco mais, deixa eu te mostrar uma lista do que cada um dos pilares do tripé da sustentabilidade envolve:

tripé da sustentabilidade triple bottom line 3 ps

Social (People)

  • Ética
  • Salários justos
  • Cumprimento de acordos trabalhistas
  • Clima organizacional bom
  • Impacto no entorno
  • Contribuição com a comunidade

Ambiental (Planet)

  • Impacto no meio ambiente
  • Redução de desperdícios
  • Separação e descarte correto de resíduos
  • Consumo de água e energia reduzido
  • Foco em energias renováveis
  • Pegada de carbono

Financeiro (Profit)

  • Respeito ao fluxo de caixa
  • Cuidado com endividamento
  • Saúde financeira
  • Boa lucratividade
  • Pagamento de fornecedores no prazo
banner planilha de diagnóstico ESG ABNT 2030

Não consigo ser hipócrita aqui e achar que tudo quanto é empresa do mundo se preocupa com os 3 pilares do tripé da sustentabilidade. Isso simplesmente não é uma realidade do mundo em que vivemos.

Mas também não consigo ser um crítico ferrenho de um conceito que surgiu e tem um propósito maravilhoso. Por isso, prefiro focar nas formas de aplicação. Quem sabe você não está lendo esse post e se interessa por deixar a sua empresa um pouquinho mais sustentável. Se for o seu caso, vale a pena conhecer algumas possibilidades que listo abaixo.

Como aplicar o Tripé da Sustentabilidade na sua empresa

A lista abaixo (que não está em ordem de prioridade) pode te dar uma noção de como começar a aplicar o tripé da sustentabilidade no seu negócio.

  • Mentalidade sustentável dos donos e gestores: pois são as pessoas responsáveis por definir o planejamento e o que será feito. Se você é um, comece a se questionar o que sua empresa ou área de negócio pode fazer de diferente para ser mais sustentável. Caso você não seja, converse e questione seus gestores propondo soluções possíveis e mostrando o caminho do que pode ser feito e os impactos positivos que podem ser alcançados por essas ações.
  • Influência na equipe: Conhecimento é a base de tudo e mostrar o tripé da sustentabilidade e os conceitos de desenvolvimento sustentável para os seus colaboradores pode ser a diferença de mentalidade necessária para que todos pensem com um objetivo em mente.
  • Equipe responsável pela sustentabilidade: Em algumas empresas maiores, ter uma equipe ou área destinada para cuidar da sustentabilidade pode ser o empoderamento necessário para que ações sejam pensadas e que um planejamento envolvendo toda a companhia seja praticado.
  • Diagnóstico de sustentabilidade: Esse costuma ser um excelente ponto de partida, pois é essencial entender o que já é feito hoje e onde melhorar para determinar as melhores ações para o futuro.
  • Defina as prioridades de atuação: Não se engane, é muito difícil fazer tudo ao mesmo tempo. Por isso, tenho gostado bastante de ver como muitas empresas tem se pautado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) para estabelecer metas.
  • Acompanhe seus indicadores: Se você já entendeu onde está e definiu as suas prioridades, precisa acompanhar o resultado relacionado ao tripé da sustentabilidade periodicamente. Acredito que se pautar pelo Pacto Global e ser uma empresa signatária pode ser um bom caminho.

No final do dia, o tripé da sustentabilidade ou qualquer outro nome preocupado com o desenvolvimento sustentável no seu negócio só vai pra frente mesmo se os líderes da organização, seus colaboradores e objetivos estratégicos estiverem alinhados com uma prática mais preocupada com o meio ambiente, com a sociedade e, também mas não só, com os lucros.

Relação com o termo ESG

Até agora eu falei muito no tripé da sustentabilidade, que é um termo que tem cerca de 30 anos de idade e não falei muito sobre a “evolução” dele. Mais recentemente, um termo que tem significado parecido e tem sido muito usado é a sigla ESG, que representa o meio ambiente (Environment), a sociedade (Social) e a governança corporativa (Governance).

movimento segunda sem carne tripé da alimentação

Já falei dele no post o que significa a sigla ESG, mas só para resumir, o tempo todo vemos pessoas ou organizações se apropriando de termos existentes, fazendo uma pequena mudança aqui ou acolá e “criando” uma ideia nova.

Esse me parece ser o caso do termo ESG. Não é que eu seja contra, mas precisamos ser críticos e entender a origem das coisas para não sermos ludibriados. Ainda mais em relação a esse termo que surgiu relacionado à instituições financeiras e o mercado de investimento social.

banner planilha de diagnóstico ESG ABNT 2030

O próprio Elkington falou como a maquiagem verde é perigosa e a discussão sobre ESG é importante em um evento da XP recente.

O Jogo Infinito da Sustentabilidade

Para fechar, queria dividir uma reflexão que tive.

Li recentemente o livro O Jogo Infinito, do Simon Sinek. Um dos conceitos que achei mais interessantes foi o da mentalidade infinita e é exatamente assim que eu penso quando vejo o termo tripé da sustentabilidade ou triple bottom line.

Penso nele como um conceito infinito, independentemente de como ele vai ser chamado. Acredito demais na capacidade das pessoas, empresas e governos de serem mais sustentáveis.

Não é que eu seja ingênuo, eu sei que tem muita coisa errada acontecendo por aí, seja pela força do capitalismo desenfreado ou pela corrupção dos valores e da ética em diversas organizações. Mas no fim do dia, eu acredito na nossa capacidade de sermos as nossas melhores versões e, invariavelmente, isso inclui pensar no tripé da sustentabilidade de alguma forma.

Então a minha provocação para você é essa. Se você é uma pessoa preocupada com o tripé da sustentabilidade, o que está fazendo a respeito disso hoje na sua vida pessoal e profissional?

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

2 Comments

Leave a Reply