O Sistema B é uma comunidade global de empresas que buscam a construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e para o planeta.
Esse “B” se refere aos benefícios que esses negócios oferecem para a sociedade e para o meio ambiente por meio de sua atuação.
Ok, ter lucro é fundamental. Mas será que o capitalismo em que vivemos deveria ser apenas sobre o lucro? Eu não acredito nisso e, assim como as empresas que fazem parte do sistema B, já existem diversas iniciativas de negócios que visam, ao mesmo tempo e com o mesmo nível de importância, ter lucro, sustentabilidade ambiental e bem-estar social.
O que é o Sistema B
O Sistema B é um movimento que vem ganhando força no mundo inteiro e que busca criar um ecossistema de empresas B. Ele surgiu inicialmente nos EUA em 2006 idealizado por Jay Cohen Gilbert, Bart Houlahan e Andrew Kassoy. Vale a pena conhecer um pouco mais do Movimento B e de sua história.
O grande objetivo é ajudar empresas a fazerem parte de um movimento de mudança positiva no mundo. Isso é feito por meio de uma Avaliação de Impacto B (BIA) – que pode ser feito gratuitamente no próprio site do Sistema B – ou por meio de diversos programas pagos como o Caminho + B ou a Assessoria B.
O que é uma empresa B
Eu não tenho uma preferência pelo termo negócio social, Empresa ESG ou empresa B, pra mim tudo faz parte de uma única ideia muito positiva para nosso presente e futuro que é a de levar mais sustentabilidade para o mundo corporativo.
Então pra mim o que vale são gestores e empreendimentos que realmente não estão olhando única e exclusivamente para o seu lucro. Quando eles se preocupam um pouquinho além e passam a ter uma visão do seu tripé da sustentabilidade (triple bottom line), eu já acho um avanço.
Por isso, se eu precisasse definir, diria que uma empresa B é um negócio que equilibra propósito e lucro, considerando o impacto de suas decisões no meio ambiente, na sociedade, nos seus clientes, fornecedores e colaboradores.
Eu sou um defensor desse ideal e me apaixonei por essas ideias quando li pela primeira vez (por volta de 2010) o livro Criando um Negócio Social, do ganhador do nobel da paz Muhammad Yunus.
Presença do Sistema B no Brasil e no Mundo
Para entender um pouco mais do impacto, vale a pena ter a noção da quantidade de negócios que já aderiram ao sistema B no Brasil e no mundo.
Esses são dados que estão em constante mudança, mas atualmente (Maio/2021) temos cerca de 200 empresas no Brasil, 750 na América Latina e 3.850 no mundo:
Ainda é uma quantidade pequena de empresas comprometidas com os valores do Sistema B, mas já é um avanço. Vale a pena conhecer essas empresas B e nesse link você pode fazer filtros por setor, país ou região.
Como ser uma empresa B
Caso você tenha se interessado, um dos primeiros passos será passar por uma avaliação onde será necessário atingir uma pontuação mínima entre as 160 perguntas disponibilizadas na Avaliação de Impacto B (BIA).
Depois de preencher 100% dessa avaliação, sua empresa vai receber uma pontuação e, dependendo da nota, poderá estar elegível a começar o processo de certificação com a B Lab Standards Trust.
Mais na frente, para se tornar uma empresa B mesmo, será necessário fazer uma modificação no estatuto social da sua empresa. É uma coisa bem simples: inserir duas cláusulas que dizem que seu negócio se compromete a gerar benefícios para a comunidade e não apenas para seus acionistas.
Críticas ao Sistema B
Acho importante não fingirmos que tudo é maravilhoso e mesmo iniciativas bem legais como o Sistema B não são imunes à críticas. Algumas das minhas reflexões (que não necessariamente são 100% corretas – caso pense diferente, adoraria ouvir sua opinião) são essas aqui:
- Uma Empresa B pode ser B mesmo com algumas práticas ruins – Como estamos falando de uma avaliação que analisa diversos fatores, estar muito mal em uma determinada área não reprova necessariamente uma empresa. O contraponto é que é melhor estar se preocupando com uma boa parte e disposta a atingir uma nota mínima do que não fazendo nada como a grande maioria.
- Empresas grandes e ricas largam na frente – Grandes empresas tem muita mais dinheiro para fazer investimentos que atendam os critérios mínimos do que pequenos negócios. Essa é a regra do jogo e não temos muito como fugir, mas gostaria de ver uma iniciativa que estimulasse, fomentasse e ajudasse as MPEs a atingir esses patamares dentro do Sistema B. Uma parte positiva é que as perguntas são adaptadas (confesso que não sei o quanto) para o setor e tamanho da sua empresa.
- Auto avaliação e auditoria podem ser um problema – Como a parte de certificação inicial depende de uma auto avaliação, você corre o risco de ter negócios com auto análises mentirosas ou deturpadas. Esse tipo de erro pode ser corrigido pela auditoria (que por eu nunca ter feito, não sei exatamente como é), mas já li críticas sobre esse processo como um todo e fico sempre com uma pulga atrás da orelha de qual interesse pode prevalecer quando uma empresa que o Sistema B gostaria de ter em seu portfolio passa por uma auditoria dessas. De toda forma, só quis levantar um risco, em momento algum estou afirmando que esse tipo de problema ocorra.
Como um balanço geral, acho essencial termos cada vez mais iniciativas como o Sistema B. A lógica é simples, quanto mais negócios com propósito e se preocupando com o nosso meio ambiente e sociedade, mais avanços rumo à um mundo mais sustentável teremos.