Qual a relação entre a sustentabilidade e a nossa saúde?
A nossa saúde depende diretamente das escolhas que fazemos e do ambiente em que nós estamos inseridos. Qual tipo de alimento nós consumimos, quanto tempo de exercício fisico fazemos todos os dias, qual a qualidade da água que bebemos e muitos outros fatores interferem diretamente na qualidade da nossa vida.
Vamos olhar então aqui nesse texto como a sustentabilidade, ou a falta dela, na cidade onde vivemos e sua estrutura pode nos proporcionar um ganho enorme na saúde ou, infelizmente, uma perda.
Alimentação
Sabemos que uma boa alimentação é crucial para ter uma boa saúde. Por mais que a gente não faça as melhores escolhas todos os dias (pelo menos eu não faço), sabemos que o ideal é nos alimentarmos de uma forma mais limpa, consumindo mais frutas, legumes, verduras, grãos e evitar ao máximo alimentos super processados e industrializados (aquela famosa frase “é preciso desembalar menos e descascar mais”).
Além de tudo isso, ainda temos que nos preocupar com os venenos que colocam nos alimentos, como os agrotóxicos. “A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano e que evoluem para óbito, em países em desenvolvimento. Outros mais de sete milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais também são registrados. O Brasil vem sendo o país com maior consumo destes produtos desde 2008 , decorrente do desenvolvimento do agronegócio no setor econômico, havendo sérios problemas quanto ao uso de agrotóxicos no país: permissão de agrotóxicos já banidos em outros países e venda ilegal de agrotóxico que já foram proibidos (CARNEIRO et al., 2015).”
Porém, ter essa escolha de uma alimentação mais limpa e balanceada é um grande privilégio. Muitas pessoas não possuem essa oportunidade, pois perto de onde elas moram não existe a oferta desse tipo de alimento (orgânico e saudável) e muitas vezes quando existe, possuem o preço muito mais alto do que o industrializado, impossibilitando bastante o seu consumo. E é ai que a sustentabilidade entra para solucionar esse desafio.
Uma agricultura sustentável preza pelo consumo local e o incentivo aos produtores locais, com isso, a oferta de produtos orgânicos aumenta e consequentemente o preço diminui. Além do que, consumir localmente é uma forma muito eficiente de diminuir o impacto indireto da produção daquele alimento (transporte, energia elétrica, armazenamento). Com um preço menor, esses produtos orgânicos e mais frescos se tornam mais democráticos e podem ser consumidos por mais gente.
Outra ideia maravilhosa, que já é implementada em diversas cidades ao redor do mundo, é a criação de hortas urbanas que são cultivadas em espaços coletivos na cidade: uma praça, um terreno publico ou um terraço de um prédio; e são cuidadas pelos moradores que podem assim usufruir daqueles alimentos. Além de você conseguir ter alimentos frescos e orgânicos com baixo custo, a cultivação de uma horta urbana gera educação cívica e ambiental e conscientização à população local. Obviamente não é tão simples assim criar uma horta urbana, as plantas precisam de muito cuidado e paciência, mas tenho certeza que o resultado vale a pena. Gostou da ideia? Achei esse site com várias dicas práticas para se construir uma horta urbana e também seus inúmeros benefícios.
Transporte
Outro pilar crucial para uma boa saúde é a quantidade de exercício fisico que fazemos diariamente. Acredito que uma percepção muito comum é que para fazer exercício fisico você, necessariamente, tem que estar matriculado em alguma academia, fazer alguma aula de luta, dança, algum esporte e ter muito tempo para se dedicar a isso. Claro que se você consegue fazer alguma dessas atividades físicas regularmente é maravilhoso tanto fisicamente quanto mentalmente, porém, o que muita gente não leva em consideração é que as atividades cotidianas também podem ter um efeito maravilhoso na nossa saude.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos devem fazer pelo menos 150-300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada; ou pelo menos 75-150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa; ou uma combinação das duas durante a semana para benefícios substanciais na saúde. E agora uma informação super importante, novamente segundo a OMS, a atividade física pode ser realizada em forma de recreação e lazer (brincadeiras, jogos, esportes ou exercícios planejados), transporte (caminhada e ciclismo) ou afazeres domésticos.
Trocar o carro pela bicicleta, o elevador pela escada, a televisão por jogos, além de ser imensamente positivo para a sua saúde também contribui para a sustentabilidade da comunidade onde você vive. Pensando em relação ao transporte, você consegue imaginar os benefícios que uma cidade com menos carros na rua possui?
Menos poluição sonora, menos poluição visual, e menos poluição do ar, além de pessoas mais felizes e saudáveis. Vamos pegar como exemplo a cidade de Amsterdam, conhecida por ter mais bicicletas do que pessoas. Lá a infraestrutura de ciclovias é excelente e ao mesmo tempo a cidade é estruturada de uma forma que faz com que seja muito difícil e caro você utilizar um carro particular.
Obviamente estamos falando de uma cidade de primeiro mundo que possui um transporte publico eficiente, mas eu acredito que podemos olhar para os bons exemplos e tentar tirar ideias para implementar na nossa realidade. Eu recomendo muito assistir o documentário do Marcio Atalla: “Vida em movimento”, onde ele mostra de uma forma clara e muito educativa a relação do exercício físico com a saúde das pessoas e a estrutura que as cidades disponibilizam.
As vezes é fácil esquecer, mas a nossa saúde está totalmente atrelada a saúde do lugar onde vivemos e vice versa. Cabe a nós darmos o primeiro passo, trocar o carro pela bicicleta quando der, subir de escada sempre que possível, tentar criar uma horta comunitária no nosso prédio.
Me conta aqui se você conhece alguma iniciativa perto de você que visa a saúde da comunidade juntamente com a do planeta. Adoro conhecer novas historias.